quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Propaganda: finalidade e ideologia.

Houve época em que a publicidade se preocupava com a informação, isso ocorreu até mais ou menos o início do século XX. Nesses tempos sua função era a de levar ao conhecimento dos consumidores os produtos que eram oferecidos pela indústria, para que por sua vez, eles os comprassem. Porém a partir do século XX a publicidade e a propaganda passaram a relacionar as mercadorias de consumo anunciadas a valores, condutas, papéis sociais e estilos de vida fazendo uso de imagens, muitas vezes apelativas que "manipulam habilmente os desejos e carências das pessoas através de filmes, programas de televisão, rádio e outras estratégias" (KAIZER, 2006, p.75).
Atualmente existe um dito popular de que "a propaganda é a alma do negócio", pois é a finalidade da propaganda é a venda e para que consiga atingir o consumidor ela precisa criar nele um estado de necessidade. Por isso a propaganda usa uma linguagem que procura convencer o consumidor, na direção de comprar o produto, seja ele, um objeto, uma imagem, um serviço, um idéia, etc.
É a publicidade a principal sustentação da sociedade de consumo, ou seja, do modo de produção capitalista. Sendo assim ela ensina uma visão de mundo ditando os comportamentos e valores, as modas, os padrões de beleza e de qualidade de vida, entre outros.
Vemos então que é o mercado quem determina o que é "aceitável ou não", "bom ou ruim" e dessa forma os padrões de beleza, de qualidade de vida, de saúde, de moda, de relações interpessoais, por exemplo, vão sendo construídos socialmente influenciados pela lógica capitalista.
Hoje as pessoas são moldadas de tal forma que perdem a sua identidade, sua capacidade crítica e de escolha, passa a ser "coisificadas", viram também mercadorias, como genialmente reflete Carlos Drummond de Andrade em sua poesia: Eu etiqueta.
A ideologia difundida nas propagandas direta ou indiretamente é a de que precisamos ser consumidores e desta forma você passa a valer pelo que tem, ou melhor, pelo dinheiro que pode gastar!
Como cita Kaizer (2006, p.75) o consumidor ideal para os profissionais de marketing e é aquele com muita grana, que só consome e não critica nem exige coisa alguma, impulsivo e egoísta [...] "quanto mais idiota ele for melhor" pois assim fica mais de ser influenciado e induzido por campanhas publicitárias".
Faz-se mais que necessário na atualidade vistas aos sérios problemas ambientais, que o planeta vem passando nos conscientizarmos da importância de consumir de forma racional, isso não quer dizer voltarmos à "idade da pedra", como pregam alguns ecologistas radicais. Afinal o homem tem o direito e deve poder usufruir da tecnologia disponível uma vez que ela existe para tornar a nossa vida mais fácil, para que tenhamos mais tempo livre, entre outras coisas...
Ser um consumidor racional significa, segundo Kaizer (2006, p.75-6), "pensar no bem da coletividade", comprar o que precisa e evitar o que é supérfluo, pensar na durabilidade do produto e no seu custo-benefício, questionar a qualidade e o processo de produção destas mercadorias. Um consumidor racional e consciente é crítico, atento e não se deixa levar por campanhas publicitárias e enganosas, bonitas e manipulativas, pelo contrário ele as repudia.
                                                                                                                        (Gismeire Hamann Andrade)
REFERÊNCIAS
GARCIA, N. J. O que é propaganda ideológica. 9. ed. São Paulo: Brasiliense, 1990.
_______ Propaganda: ideologia e dominação. Versão para eBookeBooksBrasil.com. Fonte Digital Rocket Edition de 1999, 199-2005. Disponível em: .
KAIZER, A. Reconciliação com a floresta. Porto Alegre: PUCRIS, 2006. 131p.

Um comentário:

  1. Olá amiga Gismeire!
    Como tens um espaço tão frutuoso, com uma proposta promissora e não divulgas?
    Força na caminhada! estamos juntos! Abjçs!!!

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